Colocaram-lhe uma coroa sobre sua cabeça
E a chamaram de rainha
Entregaram-lhe um cetro e deram-lhe um novo nome
Chamaram-na de vitoriosa, ela se sentia perdedora.
Á cobriram de riquezas e joias, mas aprisionaram seu coração.
Como um pássaro em uma gaiola de ouro.
O que pedia lhe concediam, mas não lhe permitiam a
liberdade.
Era rainha e nada governava
Era mulher e não podia amar.
Sorria calma e suave
Nada demonstrava em sua face.
As dores eram esquecidas, o pranto abafado.
Quando mais lhe pediam, mais de si dava.
E para si mesma nada restava.
Sua alma era como um frágil fio
Abalada ao mais fino vento.
Mas resistia bravamente às tempestades;
Erguia sua cabeça e marchava;
Príncipes se prostavam perante seu trono
Principados ao seu reino eram anexados.
Crescia-se o reino, mas morria a rainha.
Perdeu a alegria de cantar, perdeu a vontade de viver.
Quando já não tinha mais forças para lutar
Deixou a tristeza de vez a dominar.
Caminhava saturna pelos corredores do palácio
Era como um pássaro de asas quebradas.
Um dia escapou do reino que conhecia
Atravessou os murros, correu sem direção.
Como era doce o vento no rosto, como era quente o brilho do
sol.
A liberdade era doce, mas a realidade amarga.
Teria que voltar ao palácio e esquecer sua doce fuga.
Triste e atormentada deixou que o vento a levasse
Se lançou do precipício e quando finalmente alcançou o chão
Sua alma se elevou para longe.
Estava finalmente livre
Podia finalmente voar.